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Eis um livro que terminei recentemente e gostei muito, "Mistborn: O Império Final" de Brandon Sanderson, mesmo escritor de Elantris, publicado no Brasil pela LeYa.
Depois da ressaca de praticamente um ano lendo os livros d'As Crônicas de Gelo e Fogo e d'A Crônica do Matador do Rei, Mistborn se saiu uma leitura magnificamente gratificante e bem-vinda.
Não que seja melhor que as duas coleções citadas, na verdade acho difícil decidir se é ou não melhor, mas por possuir características diferentes, mesmo se tratando de outra fantasia.
Bem, antes de mais falação, a sinopse:
"Certa vez, um herói apareceu para salvar o mundo. Um jovem com uma herança misteriosa, que desafiou corajosamente a escuridão que sufocava a Terra.Ele falhou.Desde então, há mil anos, o mundo é um deserto de cinzas e brumas, governado por um imperador imortal conhecido como Senhor Soberano. Todas as revoltas contra ele falharam miseravelmente.Nessa sociendade onde as pessoas são divididas entre nobres e skaa - classe social mais inferior -, Kelsier, um ladrão bastardo, se torna a única pessoa a sobreviver e escapar da prisão brutal do Senhor Soberano, onde ele descobriu ter os poderes alomânticos de um Nascido da Bruma - uma magia poderosa e proibida. Agora, Kelsier planeja o seu ataque mais ousado: invadir o palácio para desvendar o segredo do Senhor Soberano e destruí-lo. Para ter sucesso, Kel vai depender também da determinação de uma heroína improvável, uma menina de rua que precisa aprender a confiar em novos amigos e dominar seus poderes." - Retirada do livro.
A sinopse nos apresenta um apanhado geral bem fiel do mundo do livro e da missão dos personagens, mas passa longe de fazer entende o quão grandiosa ela é.
A princípio temos a impressão de que não será uma missão impossível para alguém como Kelsir, que possui uma "magia poderosa e proibida", afinal, mesmo o Senhor Soberano tendo vivido mais de mil anos, uma magia poderosa o suficiente para ser proibida deve conseguir detê-lo. Bem, a verdade sobre isso pode ser conferida no desfecho do confronto entre Kel e o Senhor Soberano.
Mistborn possui um sistema de poderes - não os vejo como magia - muito bem elaborado, apesar de simples, a alomancia. Ela é a capacidade de ingerir um metal e extrair algum poder dele e pode ser usada por dois tipo de alomânticos, os brumosos, capazes de usar apenas um metal, e os Nascidos da Bruma, que podem utilizar todos os metais. Existem ao todo 10 metais com habilidades diferentes que eu não direi, leiam o livro!
O mundo de Mistborn é um mundo morto. Suas plantas são marrons e cinzentas, quando conseguem sobreviver, grande parte da terra - se não ela toda - aparenta ser árida ou semi-árida, ao cair da noite uma espessa bruma simplesmente surge e chove cinzas praticamente todos os dias.
É nesse mundo que os skaa, classe social mais baixa à qual nossos heróis pertencem, vivem suas vidas sofridas para alimentas e satisfazer os nobre, a classe social dominante, mas não predominante.
Os skaa são um povo sem força de vontade, acostumados à opressão e possibilidade de ter sua vida tomada para atender aos caprichos de um nobre. Na verdade os nobre aparentam nem enxergar os skaa como humanos, ou não sabem que são, como pode ser percebido em certos diálogos.
É desse cenário que surgem os personagens centrais do livro, as gangue de Kelsier, skaa que não se conformam com a exploração e opressão e querem mudar isso da maneira mais radical que se poderia imaginar, derrubando o império e seu governante, o Senhor Soberano, tido como um deus.
Com esse plano de fundo e objetivo, Brandon realiza o que há de melhor no seu livro, o desenvolvimento dos personagens.
O Império Final é um livro de fantasia e, como tal, possui características fantasiosas por todos os lados, que são deixadas de lado em prol da veridicidade dos personagens. Todos eles possuem motivações críveis e muito boas para suas ações, até mesmo os menos abordados, que os tornam incrivelmente reais.
Dentre eles, em minha humilde opinião, a personagem que mais merece destaque por seu crescimento é Vin, que junto a Kelsier tem suas motivações exploradas a fundo. O grande ponto de Vin que a faz merecer um destaque maior que Kelsier é o crescimento dela. Kelsier é um personagem carismático e decidido com ideias complexas e um passado sombrio. Vin é uma ladra que foi abandonada pela família e acha todos irão traí-la, sempre.
Partindo desse ponto podemos testemunhar como os membros da gangue, principalmente Kelsier e Sazed, contribuem para a evolução dela que cresce de maneira incrível conforme o livro transcorre, tornando até mesmo difícil crer que a personagem do fim do livro é a mesma do início.
Infelizmente, não posso falar muito sobre o desenvolvimento de sua personalidade, já que seria uma carga inaceitável de spoilers, mas digo, se o livro tratasse apenas dela, já teria valido a leitura.
Acima de tudo isso, o que achei de mais gratificante e que vai contra o que as duas séries que citei anteriormente fazem, ele conta uma história fechada.
Toda a história da revolução de Kelsier é contada em O Império Final, assim fazendo do livro uma história fechada que reserva aos próximos dois volumes da trilogia a incerteza do futuro. Ela com certeza possui um final que abre mistérios a serem solucionados e que servem de motivação para ler os próximos livros, mas não deixa um fim aberto que cause certa agonia e desespero para a leitura do próximo livro, que demorará uma eternidade para ser lançado (estou falando de você Geroge R. R. Martin e Patrick Rothfuss), ele te proporciona o prazer de uma história lida até seu fim e a certeza de que ainda há mais a ser lido no futuro.
Um prazer indescritível perto do que vinha lendo ultimamente.
E para fechar, não poderia deixar de falar da ilustração que irá compor as capas de todos os livros da trilogia (lá no topo), feita pelo incrível Marc Simonetti, que será dividade entre os três livros. Um desenho verdadeiramente lindo. Ainda não parei de encontrar detalhes nele.
É isso, até a próxima e leiam Mistborn!